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8 de agosto de 2010

“A arte existe porque a vida não basta” Ferreira Gullar

domingo, 8 de agosto de 2010




“A arte existe porque a vida não basta” Ferreira Gullar


Ovacionado e aplaudido, durante dez minutos por um público de pé, Gullar agradecia: “Muito bom ver que ainda há quem goste de poesia”. A cena do Festival da Mantiqueira – Diálogos com a literatura, se repetiu mais uma vez, no sábado, no encerramento de uma das mesas mais interessantes dessa Flip. Conduzida por Samuel Titan Jr, professor de literatura, e coordenador cultural do Instituto Moreira Salles a conversa conseguiu variar da trajetória política do poeta, passando pela criação, das diversas fases de sua poesia, ao convívio com os artistas plásticos, Lygia Pape, Lygia Clark, Oiticica, Mario Pedrosa, ” o estado maior do neoconcretismo”, nas palavras do próprio Gullar.


Ele estava inspirado e divertiu a plateia ao contar os percalços de sua vida, contando que sempre remou contra a maré.


Da amizade e depois ruptura com os poetas concretistas, os irmãos Campos e Pignatari, a vida no Rio sempre inventando com os artistas plásticos, ao exílio na Rússia e Buenos Aires, onde escreveu o famoso “Poema Sujo” (1976) durante a ditadura, para falar dos que desapareciam… Difícil dizer o que foi mais interessante.


Sempre com muito bom humor, mostrou que a poesia nasce do espanto:” É um milagre; eu vivo um dos melhores estados quando estou escrevendo minha poesia, mas infelizmente não é quando eu quero. Às vezes passo meses inteiros sem escrever… Cara, qualquer coisa pode surpreender um poeta. Quer ver? Outro dia, escrevi o poema “Acidente na sala” depois que bati o osso hilíaco num móvel. Cara, eu tenho osso, e osso pergunta? Não dá pra explicar entende… Vem do acaso.”


Foi mais um momento em que a plateia veio abaixo.


Para logo em seguida, ficar hipnotizada pela leitura desse e mais dois poemas do livro inédito, Em Alguma parte alguma, que ele lança em Setembro, após dez anos sem publicar.

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